segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reflexão e relato sobre nossa jornada no curso Leitura e Escrita em Contexto Digital


               Pois bem, assim como tudo que é bom acaba, também se encerra nosso curso de Leitura e Escrita em Contexto Digital, ficou o gostinho de saudades e aquela vontade de ficar mais.
            Para matar a saudades, produzimos com todo o carinho nosso relato, um pouquinho da nossa história, reflexões, aquilo que vivemos e dissemos nesse caminho trilhado. Quem ensina sabe aprender, reaprender, esquecer e tentar de novo, assim bem disse Rubem Alves nesse trechinho transcrito abaixo: 

Eu quero desaprender para aprender de novo.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos.”

Rubem Alves

            Começamos o curso em há dois meses, a proposta era aprender a lidar com as plataformas digitais para ensinar a ler, mas ler de verdade como disse lá no fórum da primeira semana a Ana...

“Acredito que faz parte do nosso "papel" como educadores tentar mostrar para "o outro" as diversas formas de leitura, inclusive a leitura de mundo que deve ser feita a todo o momento, se de fato queremos interagir...
Todos somos responsáveis pelo ensino/aprendizagem e mais se aprende quanto mais se ensina...”

Ana Maria Baptista Alves

            Trouxemos na bagagem o que aprendemos em nosso cotidiano de trabalho, ideias para compartilhar, como fez a Bete, lá no comecinho de outubro:

“o professor deve oferecer aos alunos, textos literários que sejam interessantes, fazendo inferências, resgatando informações e o vocabulário em determinados contextos, instigando os alunos a fazerem antecipações, desta forma o aluno vai criando vínculos com a leitura; enquanto na biblioteca o aluno busca o tipo de literatura que mais gosta, que mais se identifica.”

Elisabete Pereira Pardinho

            Pensamos em nossos medos e limitações, mas mantivemos nossas esperanças para prosseguir e nos tornar melhores profissionais, como a querida Leila nos ensinou ao compartilhar um pouquinho de sua história:

“Eu, estudante de letras (apenas) não aprendi a alfabetizar e isso dificulta ou torna inviável o nosso trabalho me causando uma angústia e uma sensação de impotência... Gostaria muito de saber e poder mudar essa realidade, aí sim a leitura  fará diferença na vida de todos os alunos.”

Leila Aparecida Almeida Prado

            Ao aprender a lidar com esse mundo digital, fomos forçadas a desenvolver nossa autonomia, aprender em outro universo, que nos intimidou um pouco, mas nunca nos desmotivou.

“Autonomia tem tudo a ver com liberdade de escolha (...) Sem comprometimento não há envolvimento, e sem envolvimento nada se aprende, nada se ensina. A prática consciente e interessada é o melhor caminho para o aprender a aprender e apreender.”

Rosangela Alexandrine dos Santos

            Assim escolhemos enfrentar essas águas para nós tão difíceis da Era Digital, por fóruns nos conhecemos, conversamos, e formamos esse blog, precisamente no módulo dois, na segunda e terceira semana do nosso curso, hora das primeiras postagens, lembra? Aquelas em que nos apresentamos?



            No módulo três criamos diálogos, alguns com finais surpreendentes e divertidos, que com carinho postamos nesse blog para compartilhar com vocês. Para esses temos agora até uma trilha sonora proposta pela Rosangela que bem lembrou da música de  João Bosco, “De frente pro crime” e até que combina bem, com tantos desfechos inesperados!



            E por fim, o módulo quatro, nossa despedida, postaremos no blog o relato reflexivo de cada uma das autoras, sabe aquele momento do “grand finale” em que a gente avalia a jornada e o que essa nos trouxe de aprendizado? Pois é!

“A boa leitura, bons livros são ótimos recursos para a viagem ao interior de nós mesmos e para o conhecimento.”

Ana Maria Baptista Alves
           
            Assim, fizemos e refizemos leituras sobre nós, nesse curso nos reencontramos com o prazer de escrever, de compartilhar, de se divertir com que nós e os nossos colegas foram capazes de criar, agora chegamos ao fim de jornada e iniciamos outra, aquela em que vamos levar um pouquinho do que sentimos e aprendemos, para nossa sala de aula, repensar nossas práticas, tornar mais divertidas e aproveitar melhor as ferramentas digitais para nossa missão de educar!

The fantastic flying books of Morris Lessmore

      Livros carregam histórias, fantasia e sonhos, compartilharemos aqui então a belíssima criação de Morris Lessmore e seus livros voadores.


     
     E para não perder o encantamento, uma linda versão em animação de um conto de Saramago:

"E se as histórias para crianças passassem a ser leitura obrigatória para os adultos?Seriam capazes de aprender realmente o que há tanto tempo tem andado a ensinar?"

José Saramago.




domingo, 18 de novembro de 2012


Livros

"Os livros são objetos transcendentes 
Mas podemos amá-los do amor táctil 
Que votamos aos maços de cigarro 
Domá-los, cultivá-los em aquários, 
Em estantes, gaiolas, em fogueiras 
Ou lançá-los pra fora das janelas 
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) 
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los 
Podemos simplesmente escrever um"

(Caetano Veloso)


Editais para criadores e produtores negros

Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=488247184541526&set=a.111125285587053.8564.106294079403507&type=1&theater. Acesso em 18 de nov. 2012.
      Olá amigos, nesse dia me surpreendi com esse fantástico edital, o objetivo é aumentar a participação de autores de etnia africana ou afrodescendente por meio de maior participação de jovens artistas. Vamos incentivar porque nossa diversidade cultural é que nos torna um país tão bonito e rico!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Texto: conversa telefônica

Por Leila Aparecida Almeida Prado


- Alô, pois não?
- Leila, eu estou apavorada, me aconteceu uma coisa horrível.
- Como assim? Por que você está tão nervosa, Marina?
- Amiga, quando abri a porta para ir ao trabalho, me deparei com um homem estirado no corredor.
- Você o conhece? Ele está doente?
- Não amiga, antes fosse, ele está desmaiado,ou melhor,acho que esta MORTO.
- Calma, calma, tente ligar para o zelador, ou melhor, não mexa em nada e ligue para o SAMU.
- Eu não consigo, por favor, ligue por mim, eu estou desesperada e muito nervosa
- Está bem, volte para o seu apartamento e aguarde,vou procurar providencias e logo estarei aí. Se acalme. Até daqui a pouco.
- Obrigada, venha logo...

Texto: conversa telefônica

  Por Elizabete  Pereira Pardinho

- Beth, pelo amor de Deus, estou desesperada e só você poderá me ajudar.

- Calma, criatura. O que houve? Que desespero é este? O furacão Sandy passou por ai? São 6h00 da madrugada, espero que tenha uma razão muito, mas muito boa para me acordar a esta hora da madrugada em pleno domingão.
- Você precisa me ajudar!
- O que aconteceu? Estou começando a ficar preocupada, pare de chorar!
- Beth, havia um cadáver na minha porta.
- Como assim, um cadáver na minha porta? Agora sou eu que vou começar a me desesperar; você matou o traste do Raul, né, eu sabia que este relacionamento ia dar nisto, mas bem que você demorou pra dar cabo nele, se ele fosse meu namorado, já teria mandado ele para o inferno há tempos.
- Cala está boca e me ouça!
- Fala, fala que eu te escuto.
- Pára de brincadeira que o negócio é sério. Ao acordar, fui até o banheiro e escutei a campainha, corri até a porta pensando ser o Raul e quando a abri, vi um homem caído; olhei em torno e não vi nada, abaixei-me então e o toquei, seu corpo estava rígido e frio, parecia morto.
- Se estava rígido e frio, com certeza passou desta para melhor.
- Fecha esta matraca e me escuta, estou tremendo até agora, então corri para dentro para ligar para polícia.
- Meu Deus! A coisa é séria mesmo!?
- Se é, a polícia veio rapidamente, porém quando chegaram não havia nenhum cadáver no corredor e ainda por cima quase me prenderam por achar que eu havia passado trote, falaram para eu parar de tomar Lexotan.
- Como assim? Afinal tinha ou não tinha um cadáver?
- Espere um pouco que a campainha está tocando
- Beth, você ainda esta aí?
-Puxa vida! Você me deixou esperando quase uma hora! Estava tentando ouvir a conversa aí , mas só ouvia ruídos, o que aconteceu?
- Sabe aquela vizinha do 301, aquela fofoqueira que sabe da vida de todo mundo?
- Ah, sim.
- Era ela que estava aqui, veio perguntar o que a polícia fazia aqui e expliquei –lhe a situação , então ela me disse que o rapaz que estava caído é o seu irmão fazendeiro que mora no interior e que está passando uns dias aqui e que o rapaz tem àquela doença que a pessoa parece estar morta, acho que chama epilepsia; ele está no apartamento dela e já foi medicado,enfim está tudo bem , foi só um susto mesmo, e que susto!
- Clara, o rapaz é bonitão?
- Bonitão e saradão.
- Então, pergunta para dona Nieta se ela não está precisando de uma cunhada para cuidar do irmão?
- ???

Texto: conversa telefônica

Por Rosangela Alexandrine dos Santos

Triiiiiiim ... triiiiiiiiiiim ... triiiiiiiiiiiiim

- Alô
- Alô amiga, te acordei?
- Claro, são 6 horas da manhã!!
- Desculpe, mas tô apavorada!
- O que houve!?
- Fiz uma besteira, não sei como, mas fiz!
- Que besteira mulher!
- Você sabe do meu sonambulismo, ai o que eu fiz meu Deus!?!
- Amiga, fica calma e me explica, não to entendendo nada...
- É que eu posso ficar uns meses fora, ou alguns anos, aaaiiiii....
- Criatura, pelo amor de Deus, fica calma!
- Estou ouvindo, já tem gente no portão! Que aflição! Fui descoberta!
- Você está me deixando apavorada! Me conta o que houve!
- Ai estão me chamando, chamando meu nome, não tem mais jeitooo...
- To indo praí agora!

A amiga chega e chocada, vê a sua apavorada parceira às gargalhadas com um boneco nos braços, visivelmente irritada pergunta:

- Posso saber que loucura é essa? Eu quase tive um colapso, quase bati o carro, quase chego com a polícia e vc aí rindo com esse vodu na mão?

E a amiga, ainda rindo muito explica:
- Desculpe, minha amiga, hoje acordei com a campainha e quando atendi apressada vi um corpo caído no chão, um cadáver! Achei que tinha saído de casa em estado de sonambulismo e encarnado algum justiceiro doentio e, ainda, tinha largado minha vítima na porta de casa. Quando você desligou o telefone e eu me dirigi para a porta a fim de me entregar para a polícia. Foi quando vi que o "cadáver" era um boneco usado pela trupe de teatro do meu "querido irmãozinho", que após um ensaio, resolveram ir para a noite zoar com o boneco. Fim de farra, despacharam meu irmão, calibrado, e o boneco. Meu irmão entrou e o boneco ficou!
- E quem tocou a campainha?
- A minha vizinha fofoqueira que viu a chegada de meu irmão e achou que o "amigo dele" tinha dormido na calçada!

Texto: conversa telefônica

Por Ana Maria  Baptista  Alves

- Olá, Ana. Bom Dia! Desculpe telefonar tão cedo, mas preciso comentar algo inusitado que acaba de me acontecer.
- Olá, Diogo, Bom Dia!!!! O que de tão inusitado o deixou com essa voz de quem acaba de ver um fantasma?
- Pois é, não vi um fantasma, mas o corpo do fantasma!
- Teve um pesadelo então?!
- Antes tivesse sido um pesadelo. Aliás, parece um pesadelo. A diferença é que o que vi, foi depois de acordar e não enquanto dormia.
- Você está me deixando assustada. Conte logo o que aconteceu.
- Encontrei um cadáver na soleira da porta aqui de casa.
- Como encontrou um cadáver na soleira da porta?
- Tocaram a campainha e quando abri a porta vi o corpo caído na soleira. Ao tocá-lo percebi que estava gelado, sem vida.
- Deus me livre começar assim o dia!
- Pois é, desconfio que o dia será longo. E eu que já estava correndo para ir trabalhar, desconfio que não poderei sair tão cedo.
- Avisou a polícia?
- Sim, telefonei para a polícia. Assim que chegarem vão querer maiores detalhes, e não tenho nada a dizer, pois além do toque da campainha não ouvi mais nada. Além do corpo sem vida na soleira da porta não vi mais nada nem ninguém.
- Diogo, me diga: Conhece a pessoa? É homem ou mulher? Jovem ou idoso? Há marcas de sangue?
- Ana, desculpe, a polícia acaba de chegar e preciso desligar.
- Passarei em sua casa no caminho para o trabalho, estou muito curiosa e preocupada.
- Até já então.
- Beijos.

domingo, 4 de novembro de 2012

Texto: conversa telefônica.

Por Nathali Ingrid de  Castro.

- “Eu quero tchu, eu quero tcha Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha ♪ ♫”
- Alô? Alô?
- (Respiraração descompassada) - Alô? Desculpe ligar tão cedo eu não sabia com quem falar...?
- Nossa! O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Eu acho que estou ficando louca, eu não sei...
- Como assim, me fala o que aconteceu?
- Eu te disse que esse apartamento me dava arrepios, fiquei ouvindo passos por toda a noite...
- Você não está falando coisa com coisa, se acalma e fala o que aconteceu.
- Eu disse que estava ficando louca, eu disse, mas é tudo real, pareceu tão real.
- Se você não se acalmar eu não vou entender nada! Quer que eu vá até aí?
- Não, eu não quero ficar aqui!
- Eu vou e te busco, te trago para casa, é isso que você quer?
- Não, eu só precisava falar com alguém.
- Então me explica o que aconteceu.
- Essa noite eu não consegui dormir, acordei com alguém me chamando...eu não sei, pode ter sido imaginação minha, saí para o corredor do prédio e não tinha ninguém.
- Só isso?
- Não, eu voltei para a cama, depois voltei a acordar, dessa vez ouvi passos, levantei, fui até a porta e fiquei escutando, olhei pelo olho mágico e não vi ninguém, mas eu ainda ouvia os passos, comecei a sentir aquele arrepio de novo, lembra que eu te disse que esse apartamento me dava cala frios?
- Eu acho que você só ficou impressionada, não foi nada de mais não é?
- Não, não foi isso! Você não sabe o que aconteceu!
- Então me conta, eu quero ajudar...
- Eu tentei tirar aquilo da cabeça, pensei que só estava cansada, mas hoje de manhã...(silêncio)
- Continua, vai?
- Hoje de manhã eu acordei, olhei para o relógio, fui tomar banho, tentei tirar essas coisas da minha cabeça, então ouvi a campainha tocar. Peguei a toalha e me enrolei, fui até a porta e perguntei quem era.
- Quem era afinal?
- Era você!
- Hahahahahaha, isso é alguma piada não é?
- Não! Eu juro que não! Alguém com sua voz respondeu, eu juro! Você tem que acreditar em mim!
- Eu sei, mas é que estranho, você me liga a essa hora, quer dizer, e olha o tipo de coisa que está me dizendo?
- (Choro).
- Calma, eu acredito, desculpa, eu não quis ser rude, me diz o que aconteceu, eu acredito em você.
- Não, você não vai acreditar no que eu vi!
- Me conta, eu vou acreditar!
- Quando eu saí no corredor, vi um homem caído na porta, levei um susto, pensei que pudesse ser alguém que estava passando mal, me abaixei e quando toquei nele ele estava frio, o corpo estava sem pulso, dei um grito, pensei que alguém ouviria, mas ninguém saiu para o corredor!
- Você já ligou para a polícia?!
- Não, depois que eu gritei senti como se alguém tivesse me dado um golpe na cabeça, alguém atrás de mim, de dentro do apartamento, sabe? Perdi os sentidos e quando acordei estava sozinha na porta, não tinha mais ninguém lá, e o corpo tinha desaparecido!
- Como assim?!
- Eu estava caída com parte do corpo no corredor, olhei para todos os lados, mas não tinha ninguém! Corri para o banheiro, examinei minha cabeça e procurei por qualquer sinal da pancada, mas não havia nada, pensei em ligar para a polícia, mas o que eu diria? Eu não sabia o que fazer então liguei para você e ... – ding dong (campainha) – tem alguém na porta.
- Não atende! Você não sabe o que está acontecendo, espera eu ir até aí!
- ding dong ding dong – Eu preciso atender, deve ser alguém que ouviu a gritaria, eu vou ver quem é – crrrrr (ranger da porta abrindo).
- Ah!
- O que foi? Tem alguém aí? Alô? Alô?!
- Tu...tu....tu...tu....

sábado, 3 de novembro de 2012

Produção de gêneros textuais: conversa telefônica


      Essa semana esse blog vai contar com a publicação de alguns textos que foram escritos como parte da proposta do curso de formação a distância de Leitura e Escrita em Contexto Digital. Cada um dos colaboradores desse blog postará sua criação, os textos pertencem ao gênero textual conversa telefônica e foram construídos segundo a sequência proposta pelo curso e representada no fotograma abaixo: 
    



Fonte: Curso de formação de professores de Leitura e Escrita em Contexto Digital. Disponível em: http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/. Acesso em 04 de novembro de 2012. Desenvolvida com base em: LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006. p. 21-22.



          
   Nossos colegas de curso produziram diferentes gêneros de textos que incluem: notícias de jornal, crônicas e interrogatórios, convidamos você a dar uma olhada nas diferentes e criativas histórias e por isso incluímos os links dos blogs (logo aí na barra à esquerda, viu?) em que esses textos serão publicados em breve. Vamos aos textos!


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Apresentação dos colaboradores do blog

      Somos educadoras e isso resume a grande tarefa que escolhemos cumprir. Abaixo cada uma de nós se apresenta e resume um pouco de sua trajetória, esperamos que ao longo das publicações possamos revelar um pouco mais sobre nós daquela forma singular que cada autor se deixa revelar em tudo o que escreve, então vamos lá...



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Experiências com a leitura

Su Blackwell - esculturas em livro

      A primeira proposta do curso de Leitura e Escrita em Contexto Digital nos convidou a compartilhar nossas experiências com a leitura e escrita na forma de depoimentos transcritos abaixo:


Ana Maria Baptista Alves:

"Entrei na escola com 7 anos incompletos no antigo primário em 1971.

Sempre tive professores de língua portuguesa que incentivavam a leitura.
Éramos convidados e convocados a ler na quinta série os livros da coleção Vagalume. Dessa série, o primeiro que li foi a Ilha Perdida"
Lembro que lemos também O Escaravelho do Diabo, que gostei muito e também tive "medo" durante a leitura..... (risos)
Meus livros didáticos e paradidáticos sempre foram todos comprados pelos meus pais, meu pai era comerciante proprietário de mercearia. 
Sempre tive muitos livros. 
Meu pai sempre leu muito mais que minha mãe e desde pequena sempre o observava quando lia. 
No mesmo ano que entrei na escola meu irmão nasceu. Na época uma tia tinha uma banca de jornal e sempre que nos encontrava presenteava meu irmão com livros. Ela deu para ele a coleção de Contos Infantis da Disney que era composta de livrinho de estória de um compact disc (disco de vinil pequeno).... kakakakaka compact disc.... como é bom lembrar a evolução que nos trouxe cds e dvds. Por termos uma diferença de idade de 7 anos, meu irmão e eu ouvíamos juntos a coleção e eu fazia a leitura em voz alta para nós dois. 
Os contos de fadas na formação da gente é muito importante,.... os contos de fadas são repletos de filosofia e transmitem valores morais, além de nos fortalecer na identificação com algumas personagens. 
Hoje mesmo sendo "viciada" em computador não descarto o manuseio e a leitura de um bom livro. 
Me imagino na velhice numa casa aconchegante, tendo como vista céus e montanhas e eu sentada na varanda lendo um bom livro!" 

Elizabete Pereira Pardinho:

"Desde pequena sempre gostei muito de ler, embora em minha casa nunca recebesse incentivo. Quando adolescente no início do ano letivo, tínhamos que comprar livros didáticos, lia todos antecipadamente, principalmente o de português, e simplesmente adorava quando precisava ler algum livro para fazermos análises literárias: "Escaravelho do diabo", "A moreninha", "Helena" e tantos outros, também gostava de fotonovelas. Na oitava série, confesso, fiz amizade com uma menina somente porque ela trabalhava numa banca de revistas e livros e quando saia da escola corria até a banca e ficava lá um tempão, só lendo, até o patrão chegar e acabar com nossa festa."

Leila Aparecida Almeida Prado:

"Queridos participantes, gosto de ler desde muito cedo, cresci em um Colégio Interno e por ser muito tímida sempre me refugiei na leitura. No colégio Casa do Puríssimo Coração de Maria (Guaratinguetá-SP) a irmã responsável pela biblioteca -Aurora Penido- sempre me incentivou. No segundo ano lia livrinhos com surpresas (abriam-se portas, janelas, presentes, etc...já no quarto ano, li de tudo, até mesmo a coleção completa Menina e Moça, era fascinante. Partindo disso, sempre sonhei em ser professora de português para incentivar a leitura e a escrita."

Nathali Ingrid de Castro:

"Eu aprendi a ler e a escrever em casa, com minha mãe, ela que tendo a mãe analfabeta passou a adolescência ensinando adultos a ler e escrever, pois sentiu na tristeza deu sua mãe o que é ter os olhos fechados para o universo das letras. A ela e ao meu pai, agradeço o fato de ter crescido em uma casa de muitos livros, tantos que minha diversão era contá-los, separá-los, namorá-los, separando pilhas daqueles que cativavam minha atenção e aguçavam a curiosidade. Quando adolescente me refugiava também nos livros, tinha com eles aquela sensação de conhecer pessoas e idéias que eram ricas, e tão diferentes do mundo que eu conhecia, criei então uma lista, leria 100 livros antes de terminar a escola, a lista ficou para trás, os livros não. No clube de poesia da escola descobri o prazer de escrever, e se depois vim a ser técnica, e escritora dentro da limitação a que o trabalho científico me obriga, guardo nos meus cadernos de verso a liberdade de quem esculpe com palavras na tentativa de materializar com algo de concreto o mundo dos sonhos."

Rosangela Alexandrine dos Santos:

"Sempre gostei de escrever, até tive, no primário, uma redação minha lida pela professora para a classe toda, o tema era livre e escrevi sobre o primeiro beijo. Fui muito elogiada, mas era muito tímida na época e isso cortou um pouco minha trajetória na escrita. Mais adiante tive outros sucessos em redações de escola e, então, já sabia que a leitura/escrita tinham grande importância na minha vida. Quando adulta pude realizar meu sonho de estudar Letras e no Trabalho de Conclusão de Curso, que teve a nota máxima, descobri que essa minha paixão pelas letras surgiu a partir das histórias que meu pai contava para mim e meus três irmãos. Na sua simplicidade de homem do interior conseguia passar para seus filhos atentos toda a emoção de seus “causos” criativos e adornados de entonações de voz e gargalhadas propositais que nos remetia a mundos fantásticos e misteriosos. Só fui despertar para isso na feitura de meu TCC, visto que quando se lê e escreve muito, a sensibilidade vem à tona e com ela as memórias adormecidas. Eu mesma sempre consegui criar histórias repentinamente para contar à minha filha, que já estava cansada das velhas conhecidas, mas essa consciência só veio a termo depois de muito ler e escrever para concluir meu trabalho, então cheguei à conclusão de que uma das maneiras de despertar a consciência leitora e escritora pode acontecer justamente lendo e escrevendo e a partir de então comecei a estimular minha filha de 12 anos – que escreve desde os nove – a ler mais e a escrever, e ela faz isso com muita propriedade."

domingo, 21 de outubro de 2012


Quando contemplo um homem situado fora de mim e à minha frente, nossos horizontes concretos, tais como são efetivamente vividos por nós dois, não coincidem. Por mais perto de mim que possa estar esse outro, sempre verei e saberei algo que ele próprio, na posição que ocupa, e que o situa fora de mim e à minha frente, não pode ver [...]”
        Essa frase de Bakthin remete à ideia de que no momento da contemplação de alguém ou algo, somos únicos. Assim, chega-se à conclusão que, de forma empírica, cada ser enxerga o alvo escolhido com uma impressão única e, portanto, diferente do resto do mundo. A partir dessa reflexão pode-se imaginar que cada pessoa do planeta tem uma ideia única de algo ou alguém e, quando se transporta esse pensamento para a leitura na escola, pode-se analisar de uma forma mais simplista a visão do aluno em relação ao que lhe cai nas mãos ou nas retinas.
       Observando-se que não é o olho que vê, mas o cérebro, que monta as imagens e estabelece relações com a memória, podemos inferir que a criança necessita de uma orientação mais abrangente que àquela dada, muitas vezes, por nós professores quando da escolha de um livro determinado para compor um aprendizado. A visão de um livro indicado pelo professor, sem a devida preparação, poderá resultar em um desinteresse pela leitura, que possivelmente se arrastará para a vida adulta do indivíduo.
      Não se pode negar que um livro é composto de vários aspectos interessantes que podem provocar no aluno um desejo significativo de lê-lo. O que lhe apresenta a capa, a história do autor, a qualidade das folhas, o tocar o livro, são minúcias que podem despertar no futuro leitor uma curiosidade que o fará querer abrir o objeto observado e explorar o que há dentro, ou seja, sua escrita e o que ela tem a contar.
     Bakthin nos dá o caminho para essa reflexão como uma nova forma de retomar a leitura partindo dessa visão única de cada um de nossos alunos, que pode ser elaborada de forma crítica, inteligente e prazerosa.
 
Estética da Criação Verbal -Mikhail Bakhtin (1997:46)