“Quando contemplo um homem situado fora de mim e à minha
frente, nossos horizontes concretos, tais
como são efetivamente vividos por nós dois, não coincidem. Por mais perto de mim que possa estar esse outro, sempre verei e
saberei algo que ele próprio, na posição que
ocupa, e que o situa fora de mim e à minha frente, não pode ver [...]”
Observando-se que não é o olho que vê, mas o cérebro, que monta as imagens e estabelece relações com a memória, podemos inferir que a criança necessita de uma orientação mais abrangente que àquela dada, muitas vezes, por nós professores quando da escolha de um livro determinado para compor um aprendizado. A visão de um livro indicado pelo professor, sem a devida preparação, poderá resultar em um desinteresse pela leitura, que possivelmente se arrastará para a vida adulta do indivíduo.
Não se pode negar que um livro é composto de vários aspectos interessantes que podem provocar no aluno um desejo significativo de lê-lo. O que lhe apresenta a capa, a história do autor, a qualidade das folhas, o tocar o livro, são minúcias que podem despertar no futuro leitor uma curiosidade que o fará querer abrir o objeto observado e explorar o que há dentro, ou seja, sua escrita e o que ela tem a contar.
Bakthin nos dá o caminho para essa reflexão como uma nova forma de retomar a leitura partindo dessa visão única de cada um de nossos alunos, que pode ser elaborada de forma crítica, inteligente e prazerosa.
Estética da Criação Verbal -Mikhail Bakhtin (1997:46)
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