domingo, 21 de outubro de 2012


Quando contemplo um homem situado fora de mim e à minha frente, nossos horizontes concretos, tais como são efetivamente vividos por nós dois, não coincidem. Por mais perto de mim que possa estar esse outro, sempre verei e saberei algo que ele próprio, na posição que ocupa, e que o situa fora de mim e à minha frente, não pode ver [...]”
        Essa frase de Bakthin remete à ideia de que no momento da contemplação de alguém ou algo, somos únicos. Assim, chega-se à conclusão que, de forma empírica, cada ser enxerga o alvo escolhido com uma impressão única e, portanto, diferente do resto do mundo. A partir dessa reflexão pode-se imaginar que cada pessoa do planeta tem uma ideia única de algo ou alguém e, quando se transporta esse pensamento para a leitura na escola, pode-se analisar de uma forma mais simplista a visão do aluno em relação ao que lhe cai nas mãos ou nas retinas.
       Observando-se que não é o olho que vê, mas o cérebro, que monta as imagens e estabelece relações com a memória, podemos inferir que a criança necessita de uma orientação mais abrangente que àquela dada, muitas vezes, por nós professores quando da escolha de um livro determinado para compor um aprendizado. A visão de um livro indicado pelo professor, sem a devida preparação, poderá resultar em um desinteresse pela leitura, que possivelmente se arrastará para a vida adulta do indivíduo.
      Não se pode negar que um livro é composto de vários aspectos interessantes que podem provocar no aluno um desejo significativo de lê-lo. O que lhe apresenta a capa, a história do autor, a qualidade das folhas, o tocar o livro, são minúcias que podem despertar no futuro leitor uma curiosidade que o fará querer abrir o objeto observado e explorar o que há dentro, ou seja, sua escrita e o que ela tem a contar.
     Bakthin nos dá o caminho para essa reflexão como uma nova forma de retomar a leitura partindo dessa visão única de cada um de nossos alunos, que pode ser elaborada de forma crítica, inteligente e prazerosa.
 
Estética da Criação Verbal -Mikhail Bakhtin (1997:46)


 

 


 

 

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